Fez no passado 10 de Junho, dia de Portugal, um ano que mais uma vez fizemos férias no Alentejo, onde – não sei porquê – me volta sempre a memória e o coração.
Quando comecei a fazer férias com os amigos (há alguns bons anos atrás!), era a costa Alentejana que mais me seduzia e o Alentejo interior, quente, duro, sozinho deixava-me sempre com alguma dúvida em arriscar. Conforme foi o tempo passando, faltava-me conhecer esta zona de Portugal, se é que assim se pode chamar porque o Alentejo é imenso! E bastou-me ir a primeira vez para me apaixonar! Do que mais sinto falta, sempre que deixo passar mais algum tempo entre visitas, é do cheiro daquela terra. É um cheiro que me transporta sempre para aqueles fins de tarde onde o sol, à medida que desce, rasga o céu num contraste de tons quentes e tranquilos e se sente o calor que vem da terra aquecida por todas aquelas horas de sol impiedoso. O vento transporta o cheiro das searas e da alfazema e já se vislumbra o manto de estrelas absolutamente maravilhoso que a noite vai trazer.
Então, em Junho de 2019, dizia eu, rumámos à povoação da Malarranha, freguesia de Pavia, concelho de Mora. Era aí que ficava o nosso alojamento, o Monte da Courela onde fomos super bem recebidos pela D. Mila e o Sr. Luís. Logo à chegada ficamos com a agradável sensação que que seria uma óptima estadia. O monte, tendo todas as comodidades para passar uns dias impecáveis mesmo no pico do calor, mantém um ambiente rústico e pitoresco que nos enquadra perfeitamente no sítio onde estamos. Digo isto porque sendo eu uma apaixonada pelos campos e toda a paisagem rural tenho alguma aversão aos empreendimentos destinados a turismo que são totalmente desenquadrados do contexto. É verdade que gostos não se discutem mas eu que venho da cidade e dela fujo sempre que posso, quando estou no campo desejo sentir-me no campo.
O Monte da Courela é um sitio excelente para descansar. Tudo o que se ouve são os pássaros e os chocalhos dos animais ao longe e é possível desfrutar de uma bela piscina.

Por recomendação dos proprietários do monte, a primeira refeição que fizemos foi na Taberna do Paulo, um dos locais mais próximos do alojamento, sensivelmente cerca de 15 minutos de carro. Fomos a primeira vez para almoçar e voltamos no dia seguinte para jantar. Local simples e acolhedor que serve iguarias como migas de espargos – como não poderia deixar de ser – e arroz de carqueja, tudo regado com um bom tinto da casa que é só para corajosos! (experimentem beber um bom tinto alentejano ao almoço com uns belos 36º e logo percebem do que falo).

Nesse mesmo dia, depois de uma bela tarde de sol e piscina e de umas belas sonecas, fomos aproveitar o fim de tarde em Avis. A vila de Avis fica a cerca de 20 minutos de carro do Monte.

A vila, de traçado medieval, mostra aquelas casinha típicas com faixas coloridas de amarelo ou azul, e está carregada de história. Por aqui passaram outrora os Mestres da Ordem de Aviz, ainda é possível vislumbrar as ruínas do Convento de S. Bento de Avis, cuja origem remonta a 1211, ou três das seis torres do castelo de Avis.

No caminho, ainda passámos pela bonita Barragem do Maranhão, que conta com um clube náutico e um parque de campismo. Vale a pena observar a magnífica vista sobre as águas deste lago artificial e sobre as pastagens e searas envolventes.

Quando a fome começou a apertar dirigimo-nos a Pavia para um belo jantar no Forno. Fomos muito bem recebidos, à boa maneira alentejana e saímos de lá a rebolar, como não poderia deixar de ser!
O dia já ia longo e o sossego convida ao descanso, então assim fizemos, rumo ao Monte da Courela para uma noite descansada.
No dia seguinte, após uma relaxada manhã de leitura, fizemos uma passagem pelo Vimieiro, rumando em seguida a Évora Monte onde visitamos o castelo e calcorreámos as deliciosas ruas empedradas com uma arquitetura tão peculiar que nos faz viajar no tempo.

Em seguida, seguiu-se o almoço no restaurante Flor da Coutada em Estremoz. Atendimento super simpático, casa cheia mas…. ficou aquém do que estamos habituados no Alentejo.
Era hora de relaxar um pouco e aproveitar o sol alentejano. Rumámos novamente ao Monte para uns mergulhos na piscina e, como se costuma dizer, “queimar os últimos cartuchos”.
No dia seguinte, deixámos o meu adorado Alentejo em direção a casa.
Voltaremos, claro!