Turistas na (nossa) cidade do Porto

Turistas na cidade do Porto:barcos Rabelos ancorados no cais de Gaia

Hoje fomos turistas na cidade do Porto, a nossa cidade! Já há muito que não íamos à baixa do Porto, algo que se tornou um pouco impensável até antes da pandemia, mais ainda a um Domingo. A verdade é que nos últimos anos tornou-se um pouco diria que “chato” ir ao Porto e não ver o Porto… Isto dito por alguém que nasceu na Invicta, na Ordem do Carmo, caso surjam dúvidas ou porquês!

Não cresci no Porto mas nos entretantos, quando cheguei à idade adulta resolvi voltar a viver “na cidade”. Vivi primeiro em Paranhos, depois em Cedofeita e depois novamente em Paranhos, mesmo no meio do Marquês. Quando chegamos àquela fase em que não distinguíamos mais os portuenses dos turistas (porque eram mais os turistas que os portuenses..!), viemos embora para a periferia. Quero só deixar uma nota que no passeio de hoje, e já que apostamos as fichas todas no mesmo cavalo ou pusemos os ovos todos na mesma cesta, fiquei contente por ver que a vida voltou à cidade. Há turistas estrangeiros e nacionais em todo o lado, as esplanadas estão compostas, os vendedores ambulantes vão fazendo negócio e nós – o país, a nossa economia, os nossos empresários e os nossos trabalhadores – precisamos de atividade, de empregos e de dinheiro porque toda a gente tem de por comida na mesa.

Adiante, partimos de Miragaia, mesmo em frente à Alfândega do Porto e fomos por ali caminhando, junto ao rio, descendo a Rua do Outeirinho, em direção ao Cais da Estiva. Aqui e acolá é possível espreitar vestígios da muralha Fernandina, espreitando pelas ruelas esguias que se abrem entre o casario.

Não estando um maravilhoso dia de verão, estava um dia óptimo para caminhar. Havia as habituais filas para os cruzeiros nas pontes e mesmo ao ar livre colocámos as máscaras pois em vários momentos existiam aglomerações aqui e acolá. Não custa nada e assim garantimos que podemos continuar a usufruir saudavelmente dos espaços sem nos pormos a nós e os outros em risco desnecessário.

Atravessámos a ponte Ponte Luíz I para passarmos para a margem de Gaia. A Ponte foi construída entre os anos 1881 e 1888, ligando as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia, margem norte e sul, respetivamente.

Esta passagem veio substituir a ponte Pênsil ou D. Maria II que era uma ponte suspensa praticamente no mesmo  local. A ponte Pênsil foi desmantelada em 1887, após a inauguração da ponte D. Luís, restando actualmente os pilares e as ruínas da casa da guarda militar que assegurava a ordem e o regulamento da ponte, assim como a cobrança de portagens para a sua travessia.

Já do outro lado da ponte, encontramos a vista mais bonita: a vista da cidade do Porto! Havia público a assistir aos habituais mergulhos no rio Douro pelos rapazes da zona ribeirinha, encontros de motards, bancas de artesanato e o teleférico logo acima sempre a rolar.

Fomos ver o World of Wine ou WOW que abriu recentemente, um espaço que surge da requalificação de antigas caves de vinho do Porto e que promete “uma experiência imersiva na cultura do vinho e da gastronomia da região”. Do que vimos não ficamos maravilhados, à excepção das vistas que oferece (e muito poderia aqui ser dito mas, como não explorámos a totalidade do empreendimento, não vou opinar).

Nestes 6 parágrafos, já contávamos com 3 quilómetros e mais alguma coisa em cima das pernas então parámos no mais típico café da zona para uma cerveja sem qualquer glamour mas com toda a autenticidade da zona.

Aí retemperámos as forças para caminhar de volta ao início do percurso, onde também decidimos almoçar. Casa já conhecida que recebe sempre bem tanto em simpatia como em repasto, fomos à Taberna do Barqueiro onde tudo é servido com um belo sotaque tripeiro.

Esta caminhada de Domingo totalizou quase 6 quilómetros, cerca de 5 horas e algumas calorias necessárias para recuperar, provenientes de umas pataniscas para aquecer os motores,  um bom bacalhau com broa e um vinho branco. A chegada das grandes cadeias internacionais de restauração (e as opções menos inteligentes) fizeram com que muitas das pérolas gastronómicas da cidade desaparecessem. Os bolinhos de bacalhau deram lugar a “pastéis de bacalhau” de bacalhau sem bacalhau mas com queijo da serra ou a pataniscas de bacalhau com cheiro do mesmo… Por isso, cantinhos como este da Taberna do Barqueiro, são para estimar e visitar sempre que possível e o Porto, a cidade Invicta, é sempre maravilhosa!

 

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